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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

UMA CONVERSA COM A CET

IMAGEM FONTE: http://aesquinadospneus.wordpress.com/, em 24/08/2011 às 17h10



Uma noite destas, ao final do expediente, como de costume, preteri o serviço de transporte de van oferecido pela empresa por uma saudável caminhada até a estação do metrô. Deve ser algo de aproximadamente 500 metros. Não é muito, mas a van é muito útil pois serve como um mimo aos funcionários mais carentes, torna a passagem até o metro mais segura e até em dias de chuva ela facilita a nossa vida. Entretanto assim como eu outras pessoas também optam por caminhar até a estação. Algumas pela saúde, outras pela pressa (a Van tem horários e demora a sair), outras pela companhia mesmo. Logo, é muito comum encontrarmos com alguém no mesmo caminho que nós e irmos juntos, conversando. Mas justamente nesta noite a qual me refiro não encontrei com ninguém, simplesmente fui caminhando até o metrô.

Para quem segue a pé pela a Avenida Álvaro Ramos, saindo do cemitério Quarta Parada, no sentido da estação Belém do Metrô, tem duas opções de chegar até lá. A opção mais rápida e segura é caminhar por dentro do bairro ou pela calçada da Radial Leste até a estação e atravessar a Radial pela passarela do próprio metrô. Entretanto, em razão das três rampas bem inclinadas desta passarela é preciso ter alguma disposição física. A segunda opção é seguir a Álvaro Ramos direto e cruzar a Radial por uma faixa de pedestres, protegida por um semáforo justamente no cruzamento entre as duas avenidas.

Entretanto o semáforo do local mencionado é extremamente rápido, o sinal vermelho para os carros, e verde para os pedestres, permanece neste estado por pouco tempo. Não sei quanto tempo exatamente, mas sei que é o tempo suficiente para forçar a maioria das pessoas a concluir a travessia correndo, outras acelerando o passo, e algumas sequem concluem, parando no canteiro central da avenida, assim ficando obrigadas a aguardar até a próxima pausa do semáforo.

Incomodado com essa situação, enquanto aguardava a próxima abertura para atravessar a avenida, me dirigi ao guarda da CET (aqueles que ficam de uniforme amarelo e marrom, espalhados pela cidade, principalmente nos horário de pico, aplicando mais multas do que orientando o trânsito), e tivemos a seguinte conversa:

- Poxa amigo! Este semáforo é absurdamente rápido heim?
- O senhor vai para onde? – Respondeu ele sem parecer ter entendido a minha pergunta.
- Ora vou ao metrô. Pq a pergunta? – Indaguei-o

Assim como quem já estava preparado para o meu questionamento ele virou-se bem rápido e apontou o dedo indicador na linha do horizonte, em direção a estação, e disse:

- Ta vendo lá uma passarela?! O senhor pode ir por lá. Inclusive é mais seguro.
- Meu caro, eu quero ir por aqui. E se eu não pudesse ir por aqui, porque então há uma faixa de pedestres neste local? – Rebati com uma indignação ainda maior
- Jovem, se formos aumentar o tempo do farol podemos prejudicar ainda mais o trânsito.
- Mas meu senhor, existem outras pessoas, inclusive senhoras, que não são tão velozes como eu, e se elas percebem que aqui há uma faixa de pedestres entenderão que aqui é seguro para atravessar.
- Não tem perigo! – Exclamou o guarda como quem soubesse que tem toda a razão do mundo – Enquanto estivermos aqui não deixamos ninguém avançar o semáforo, mesmo que ele acenda o sinal verde.
- Meu caro, aí é que está a questão! Vocês não estão sempre aqui, só nos horários de maior movimento, e mais aplicando multas do que orientando o trânsito, vemos gente fazendo coisa errada o tempo todo, mas ao invés de orientar, o senhores multam. Não me parece que a preocupação com segurança seja prioridade para vocês, mas sim a engorda dos sofres públicos.

Já aparentemente sem paciência ele ainda me respondeu:

- Eu também pensava assim antes de trabalhar aqui, mas hoje sei que não é assim.

Então com um sorriso irônico, do tipo “ah tá! Sei!” eu encerrei a conversa e segui pela faixa de pedestres com o passo acelerado, afinal o sinal acabara de abrir para os pedestres e eu não queria ficar parado no canteiro central da avenida.

Essa história me fez pensar em algumas questões:

- Não importa o que acontecesse, o guarda sempre teria razão e defenderia o sistema;
- Uma manifestação individual raramente traz algum efeito positivo para o coletivo;
- Já que o semáforo não pode ter seu tempo aumentado para os pedestres porque não tiram de lá a faixa ou constroem outra passarela.

Acho que até acontecer algum acidente ninguém tomará mesmo.. qualquer providência.

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